Compostagem com baldes plásticos
Essa composteira é uma ótima e versátil opção para a compostagem doméstica, podendo ser utilizada em casas, apartamentos, quintais, pequenos restaurantes, etc. Aqui será utilizada para realizar a compostagem comum, com ação exclusiva de microrganismos, mas pode ser utilizada para a vermicompostagem também (basta acrescentar as minhocas e selecionar os materiais orgânicos).
O primeiro passo é conseguir os baldes plásticos e para isso existem muitas opções. Neste caso serão utilizados baldes de margarina de 15 Kg, com aproximadamente 18 litros de volume. Esses baldes podem ser conseguidos em padarias, algumas vendem e outras doam. Mesmo as que vendem, acabam vendendo barato, entre R$3,00 e R$7,00.
É importante que os baldes sejam empilháveis. Para evitar fazer propaganda indevida aqui no site, os baldes foram pintados com tinta branca, mas não é uma etapa obrigatória para quem quiser replicar na própria casa.
Antes de usar é preciso lavar bem os baldes, um pouco de sabão em pó funcionou muito bem aqui.
Entrando em funcionamento
A orientação básica é balancear as quantidades de material seco (folhas secas, galhos picotados, serragem, etc) e material fresco (restos de cozinha, folhas recém podadas). A quantidade ideal aproximada é usar 2/3 de material orgânico seco para 1/3 de material orgânico fresco.
Um dos problemas mais recorrentes é o excesso de umidade, que em geral significa falta de material seco. Além disso, a cada 3 ou 4 dias é importante revolver o material do balde que está recebendo materiais. Isso ajuda no processo pela mistura dos materiais e pela melhor aeração do composto. O excesso de umidade pode estimular processos anaeróbios, exalando mal cheiro e atraindo vetores de doenças como moscas.
Nesta composteira, vamos intercalar camadas de material seco e material fresco. Porém a última camada de cada balde será sempre de material seco para inibir a atração de insetos.
Como o trabalho aqui será desempenhado exclusivamente por microrganismos, não será necessário selecionar os restos de cozinha (exceto restos de carnes e laticínios) para adequar o ambiente às minhocas. Em breve faremos na seção Faça sua própria composteira um acompanhamento de minhocário também.
Essa composteira ganhou uma arte especial da Luana Reis Lima!
Ao contrário dos experimentos anteriores, o acompanhamento não será feito com fotos diárias, mas com o registro de situações que mereçam algum destaque.
Por exemplo, as coletas do chorume e alguns reviramentos. Além disso, se ocorrer algum problema como infestação de insetos ou exalação de mau cheiro, o composto será fotografado para ilustrar a discussão sobre as causas e possíveis soluções dos problemas.
Acompanhamento do processo
Apesar de conhecer a proporção aproximada ideal, a ânsia de "fazer render" e compostar mais restos de cozinha com menor uso de material orgânico seco acabou tendo consequências desagradáveis.
Além disso, o material foi acumulado durante quase um mês e mantido num balde onde processos de decomposição anaeróbia foram, sem querer, estimulados. Nos primeiros dias, isso não parecia um problema mas somado a outros fatores levou a uma situação indesejada no final do primeiro mês.
Logo nos primeiros dias, já foi possível observar acúmulo de umidade na tampa, indicando atividade microbiana. O primeiro revolvimento foi realizado com um pequeno ancinho no terceiro dia. Neste momento, nem o composto nem o chorume apresentavam mal cheiro.
Pouco mais de 20 dias depois, os erros citados (somados a alguns outros) resultaram em problemas. O principal indicativo da ineficiência do processo foi o intenso mal cheiro. Apesar de não exalar esse cheiro com a composteira montada, ao separar os baldes para observar o chorume fui surpreendido tanto pelo aspecto quanto pelo forte cheiro, que parecia de carniça.
Apesar de saber que os reviramentos deveriam ser realizados a cada 3 ou 4 dias, por uma série de fatores a composteira acabou ficando sem manutenção por quase um mês. Se a frequência de manutenção tivesse sido mantida, os erros iniciais poderiam ter ser sido corrigidos e o processo de compostagem teria se desenvolvido corretamente.
Verifique o aspecto do chorume produzido. A primeira foto já explicita que as coisas não deram muito certo.
O composto apresentou grande desenvolvimento de fungos, sem mal cheiro. O material dos três baldes foi revirado e recoberto com material orgânico de poda.
Após 10 dias, o problema em relação ao chorume parece ter sido superado. Como o material de poda utilizado para cobertura do composto ainda não estava suficientemente seco, ocorreu o desenvolvimento de fungos e acúmulo de umidade nas tampas. Apesar de estarem participando do processo da compostagem, fiquei na dúvida sobre a nocividade do fungo, então o composto foi revolvido novamente e desta vez coberto com serragem, que retém melhor a umidade.
Após alguma relutância, passei a utilizar rolos de papel higiênico e papel toalha. Uma forma de reaproveitar esses materiais e complementar o material seco nas composteiras.
Em breve novas atualizações do desenvolvimento do processo de compostagem nesta composteira.
Autoria: Pusceddu, L. (2020) Composteira com baldes plásticos.
Créditos detalhados
Texto e fotos: Luca Hermes Pusceddu - lhp@ib.usp.br
Arte nos baldes: Luana Reis Lima